Texto:Nathalia Novaes e Natália Morassi / Fotografia: Natália Morassi
Imagine instalar um sistema de câmeras de segurança e numa ocasião de assalto descobrir que as imagens com que contava são inúteis! Isto acontece com mais frequência do que se imagina, imagens de má qualidade devido a iluminação insuficiente e mal planejada. Por isso, para não passar por situações como essa, é fundamental projetar o sistema de câmeras atrelado a uma iluminação adequada. Nesse sentido, o projeto de iluminação deve ser pensado de acordo com as necessidades de monitoramento. Em situações comuns, é difícil ter controle total sobre os locais iluminados, contudo a compreensão básica sobre as fontes e níveis de luz, e a relação dos contrastes das cenas gravadas garantem uma melhor captação de imagens dentro da capacidade das câmeras instaladas. Por isso, separamos algumas orientações que servirão como guia na hora de projetar:
-
Comece pelo desenho
Como em todo bom projeto, o ideal é partir de uma planta de análise do local, identificando as áreas que devem ser monitoradas e as áreas que oferecem algum impedimento para a eficácia do sistema, como: incidência excessiva ou escassa de luz solar, áreas com folhagens, obstáculos, janelas e luminárias já existentes.
-
Pensamento de fotógrafo! Aposte na luz vertical, evite a horizontal
A iluminação em plano horizontal é a mais comumente utilizada nos edifícios, porém, este tipo de iluminação pode gerar sombras nas pessoas, pois ilumina de cima para baixo, deixando os rostos mais escurecidos ou totalmente escuros caso a pessoa esteja usando chapéu ou boné. Por isso, a melhor solução é pensar como os fotógrafos, que iluminam o ponto focal da imagem através de iluminação vertical. Luminárias posicionadas na altura da face, entre 1,60m e 1,70m de altura, são ideais se o objetivo é captar imagens de rostos.
-
Quer imagens nítidas? Use muita luz!
Mesmo com o avanço da tecnologia e com a disponibilidade de câmeras digitais mais avançadas no mercado, o CFTV precisa de muita luz para ter um bom desempenho. Por isso, a orientação é basear a iluminação na regra do quadrado inverso: ao dobrar a distância entre a fonte luminosa e o objeto que está sendo iluminado, é necessário quadruplicar a quantidade de luz emitida da fonte.
-
Tome cuidado na escolha da posição das luzes
As luminárias direcionadas para o foco de captação devem sempre estar posicionadas atrás da câmera e apontando na mesma direção. Outro ponto a considerar é a uniformidade da iluminação no campo de captação da câmera, por isso é necessária uma boa distribuição das fontes luminosas para evitar imagens com áreas escuras ou desbotadas. Uma opção eficaz é a utilização de câmeras como iluminação embutida, uma espécie de “colar de LEDs” em torno da lente da câmera.
-
Qual era a cor mesmo? Pense na reprodução das cores das luzes
Existe um índice de reprodução de cor (CRI ou IRC), que indica a capacidade da fonte de luz para revelar as cores fiéis dos objetos. Algumas lâmpadas, como as de sódio (aquela usada em postes de rua e estradas com a cor alaranjada), reproduzem mal as cores dos objetos iluminados por ela, fazendo com que eles percam visualmente a sua cor original, por isso em áreas de monitoramento iluminadas com este modelo o ideal é substituir por lâmpadas com um alto índice de reprodução de cor. As lâmpadas de LED são uma boa opção nesse sentido. Para uma boa reprodução de cor, a recomendação é utilizar iluminação com CRI / IRC superior a 80 (informação dada pelo fabricante).
-
Borrão de movimento. Fique atento!
Câmeras integradoras especializadas são capazes de trabalhar com níveis mais baixos de luz, porque montam uma sequência de imagens, porém oferecem problemas com o desfoque de objetos em movimento, impedindo a visão clara de alguns trechos de imagem como rostos e placas de carro, por exemplo. Quanto mais longa a integração, pior o desfoque. Já as câmeras com luzes infravermelhas e sensores são capazes de operar com pouca luz, porém oferecerem imagens monocromáticas e com pouca clareza de detalhes, o que muitas vezes atrapalha na identificação necessária.
Representação do efeito da luz infravermelha na reprodução de cores e tons.
-
Armadilha da silhueta e do ofuscamento.
Provavelmente, o problema mais frequente com o CCTV é o de silhueta ou ofuscamento do objeto. Isso geralmente ocorre quando a câmera está voltada em direção ao sol, a vitrines muito iluminadas ou a luzes da rua, ou seja, quando os níveis de luz são extremamente altos (ou baixos), resultando em imagens com o objeto muito escuro ou ofuscado. Para solucionar este problema, é preciso pensar cuidadosamente sobre a localização das câmeras e garantir uma iluminação equilibrada, tanto de dia quanto a noite.
- efeito ofuscamento pela luz natural/sol
- efeito de silhueta
-
Não confie em iluminação de emergência para CFTV
Em caso de incidentes em que a rede elétrica fica indisponível, é importante ter um plano de como funcionará a alimentação do circuito de câmeras. Além disso, nesses casos em que há falta de iluminação, é preciso estar atento a iluminação ofertada pelas luzes de emergência, que em geral, ocorre em nível muito inferior ao necessário para a captação das imagens. Prever formas de backup para iluminação ou utilização de câmeras com luzes integradas, pode ser uma boa solução para não sofrer com a queda de energia.
CCTV ou CFTV – Significa closed-circuit television ou circuito fechado de televisão. Consiste em um sistema de televisão constituído por câmeras localizadas em pontos específicos com o objetivo de gravar e transmitir imagens para um ou mais monitores locais ou remotos, para fins de monitoramento.
INFRAVERMELHO – As câmeras com tecnologia infravermelho (IR) possuem um conjunto de LEDs que se acendem quando é detectada a ausência de luz, que permite a captação de imagens em locais e momentos em que não há iluminação adequada.
*Fontes: