Descarte de lâmpadas, como fazer corretamente?
TEXTO: NATHALIA NOVAES E NATÁLIA MORASSI / IMAGEM: ENERGILUX
As lâmpadas são compostas basicamente por vidro, plástico e metais, ou seja, materiais de difícil decomposição e que, portanto, devem ser destinados à locais que consigam reutilizá-los ou reciclá-los. Porém, muitas pessoas não se atentam no momento de descartá-las e acabam misturando-as com o lixo doméstico e sem saber, agridem o ambiente e podem até contaminar rios, solo, animais e pessoas. Isto porque, dentre os tipos de lâmpadas existentes (Veja nosso artigo: Descomplicando lâmpadas e seus modelos), existem as fluorescentes que apresentam maior risco no descarte inadequado, pois contêm gases de metais sob pressão no interior do bulbo, tais como o mercúrio que é altamente tóxico ao ambiente e à saúde humana.
O vapor de mercúrio que é liberado no ar quando ocorre a quebra desse tipo de lâmpada, pode causar febre, tremor, sonolência, dor de cabeça e náusea caso seja inalado. Além disso, o mercúrio é um elemento que se acumula no organismo, ou seja, quando absorvido não é possível eliminá-lo, o que no longo prazo é extremamente prejudicial e pode acarretar em danos ao cérebro, fígado, pulmões e rins. Pensando no descarte destes materiais em locais inadequados e em toda a relação com os ecossistemas, podem ocorrer liberações desses gases e absorção por nuvens e, com as chuvas, infiltrações no solo, contaminando lençóis freáticos, rios, lagos, os animais que neles habitam, e até mesmo o abastecimento de água para consumo humano, seja o abastecimento direto em casas ou na irrigação de plantações. Analisando todo o ciclo, percebe-se que a questão do descarte correto de lâmpadas é uma questão de consciência, urgência e obrigação. Inclusive, a constituição brasileira prevê na Lei 12.305/10 e em outras leis ambientais, que lâmpadas devem ser descartadas de forma profissional e com responsabilidade ambiental. Cada vez mais os consumidores estão cientes da necessidade de descarte consciente de materiais recicláveis, especialmente os produtos que possam liberar resíduos contaminantes, porém resultados melhores ainda são necessários.
Como descartar corretamente?
Para realizar o descarte correto de lâmpadas, o primeiro passo é identificar o modelo e as condições da lâmpada (se ela está quebrada ou não). Uma dica é olhar a embalagem, geralmente tem a informação se o produto é reciclável. Depois disso, decidir o destino, de acordo com cada caso:
- Lâmpadas incandescentes: Atualmente são menos comuns, pois sua produção e comercialização é proibida desde 2016. Possuem metal e vidro incorporados em sua fabricação, o que impede a reciclagem, pois não há processo capaz de dividí-los. Não possui material tóxico, mas seus componentes são de difícil decomposição. Por isso, uma boa alternativa é destiná-la a iniciativas de artesanato da sua região, pois essas peças podem ser usadas na construção de peças artísticas.
Em caso de quebra: Embalar em jornal ou dentro de recipientes como garrafas PET, para evitar que os funcionários da coleta sofram acidentes de trabalho ao manusear o material.
- Lâmpadas fluorescentes: Devem ser destinadas à empresas especializadas no descarte adequado e que sejam licenciadas nos órgãos competentes (para garantir o processo eficaz e seguro). O envio pode ser feito solicitando coleta diretamente com a empresa ou levando a postos de coleta, geralmente disponíveis em fornecedores ou fabricantes de lâmpadas (hipermercados, lojas de materiais de construção e materiais elétricos) que realizam a logística reversa. O processo de reciclagem ocorre por trituração com tratamento térmico, onde cada componente é separado de forma segura tanto para não poluir o ambiente quanto para proteger a saúde de quem manipula o material. A poeira fosfórica é destilada para reaproveitamento do mercúrio, e os outros materiais são descontaminados e encaminhados à reciclagem normal. O único componente que não pode ser reciclado é o isolamento baquelítico presente nas extremidades das lâmpadas.
Em caso de quebra: Neste caso o cuidado deve ser ainda maior. O indicado é retirar crianças e pets do local, e manusear o material de luvas e máscara. Com pá e vassoura juntar e descartar os pedaços de lâmpada e pó dentro de garrafas PET ou embalagens Tetrapak, fechadas com fita adesiva para evitar a contaminação por mercúrio. Não utilizar aspirador de pó para não contaminar, posteriormente, outros espaços da casa. Limpar com atenção, com papel toalha úmido e embalá-lo juntamente com a lâmpada para envio à empresa especializada.
- Lâmpadas LED: É o tipo de lâmpada com maior variedade de materiais em sua fabricação: vidro ou plástico para fechamento, cerâmica ou alumínio para dissipação de calor, cobre para resistências e fios, além de metais mais nobres para outras funções. Por se tratar de uma solução recentemente popularizada, ainda não possui processo de reciclagem 100% eficazes, o mais comum é realizar a separação dos nobres, mas ainda há dificuldade numa forma de reaproveitamento dos componentes sem inutilizar dos diodos emissores. Pesquisas no mundo estão em andamento na busca de uma solução, pois ainda que a vida útil dos LED seja bastante extensa (50 mil horas), em certo momento ela chega ao fim. A dica para o descarte nesse caso é entregar em organizações que recolhem lâmpadas ou aos próprios fabricantes que coletam esses produtos (inclusive este pode ser um bom critério na hora da compra).
Em caso de quebra: enrolar em jornais e caixas para evitar cortes no manuseio.
Em resumo, o importante é não permitir que estes materiais, independente do modelo e das condições, sejam levados à aterros sanitários comuns. Inclusive prefeituras possuem iniciativas de coleta desses materiais (quando em pequenas quantidades) como por exemplo os Ecopontos, cujo endereços e horários de funcionamento podem ser consultados via internet.
Outras maneiras de contribuir
Além de cumprir com a responsabilidade de cidadão, existem outras formas de contribuir para o descarte consciente das lâmpadas. No caso de pessoas físicas a divulgação do conhecimento já é um passo importante, pois muitas pessoas descartam incorretamente simplesmente por falta de informação. Já em casos de condomínios, prédios de escritórios, instituições e gestores de espaços de grande circulação, a ajuda no processo pode ser ainda mais impactante, através da instalação de coletores para lâmpadas usadas em local de destaque e bem sinalizado. Esta iniciativa incentiva o processo de descarte consciente pelo simples fato de facilitar o acesso, além de enfatizar o comprometimento com a sustentabilidade.
Referências:
- Prefeitura Gastão Vidigal/SP, (gastaovidigal.sp.gov.br). Notícia: Gastão Vidigal incentiva o descarte correto das lâmpadas fluorescentes. Site, Acessado em 15/12/2020.
- Natural Limp. Artigo: Onde e como descartar lâmpadas fluorescentes? Site, Acessado em 18/12/2020.
- Artigo: Onde fazer o descartar lâmpadas fluorescentes. Site, Acessado em 18/12/2020.
- Equilibre Logística Reversa. Descartar de lâmpadas. Site, Acessado em 15/12/2020.
- Loop Logística Reversa. Descartar de lâmpadas: Sua empresa está em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos para o descarte de lâmpadas. Site, Acessado em 15/12/2020.
- Descarte de lâmpadas: como destinar de forma correta. Site, Acessado em 15/12/2020.
- Artigo: Saiba como fazer o descarte de lâmpadas corretamente. Site, Publicado em 30/08/2018.
- VG Resíduos. Artigo: O que a lei diz sobre o descarte de lâmpadas?. Site, Publicado em 23/10/2017.
Imagens:
- Imagem capa, Energilux Blog.