Iluminação de varejo: estratégias gerais de projeto!

Texto: Nathalia Novaes e Natália Morassi / Imagens: Pixabay e Natália Morassi

Um projeto de iluminação adequado à loja de comércio varejista é fundamental para a economia de recursos financeiros, valorização de produtos e marca, e sobretudo, garantia de boas experiências de vendas aos consumidores.

A simples melhoria no aspecto visual de um estabelecimento pode ampliar as vendas de 12% até 40%, aponta pesquisa realizada pelo Sebrae-SP¹.

Clientes de todos os perfis procuram cada vez mais por experiências de compra prazerosas e agradáveis, que superem suas expectativas. Já não basta oferecer produtos de qualidade com preço justo e bom atendimento. Hoje em dia, fazer compras é um momento de lazer que concorre diretamente com uma sessão de cinema ou uma pizza com os amigos. Por isso, é preciso surpreender o cliente e oferecer prazer, diversão e encantamento durante a compra.

A luz pode ser uma ferramenta para dar destaque aos produtos e possui a capacidade de tornar um ambiente convidativo e acolhedor. Quando trabalhada junto a comunicação visual, pode melhorar o diálogo entre o produto e o consumidor, estimulando os sentidos humanos instigantes ao comportamento de compra. Ela pode ser utilizada para destacar partes atrativas de uma loja e disfarçar partes visualmente desagradáveis, que não podem ser mudadas. E também pode ser eficaz na estratégia de orientar fluxos de clientes, criar pontos de atração e gerar tráfego em áreas de pouca circulação. Mas é preciso considerar alguns cuidados, pois quando utilizada de maneira errada pode causar o efeito contrário do esperado: desvalorização de produtos e concepção de ambientes desconfortáveis.

Para garantir uma iluminação coerente, é necessário compreender as principais características e intenções da loja ou marca a que se pretende projetar. Aspectos como público-alvo, tipo de produto e dinâmica de atendimento são essenciais para a escolha do estilo e para o desenvolvimento de um projeto compatível à personalidade da loja, que crie o ambiente ideal e agradável ao público.

O sistema de iluminação ideal deve proporcionar conforto visual, evitar distorção das cores dos produtos e valorizar o ambiente e os produtos expostos. Além de estar em sintonia com a estratégia de layout do negócio e a segmentação de mercado no qual está inserida.

A iluminação de varejo é muito mais variada do que em outros setores, por isso as orientações só podem ser dadas nos termos mais gerais. Uma delas é pensar na flexibilidade, criando ambiências diversas e capazes de ressaltar os produtos mesmo em situações de alteração de layout. Outra é considerar a sustentabilidade e custos a longo prazo, criando mecanismos de economia energética e de manutenção, através de sistemas de automação e de controle da luz.

Outra orientação, em aspectos gerais, é que quanto mais brilhante a iluminação média e mais uniforme, menos “exclusiva” se torna a imagem da marca. Para compreender, basta pensar na iluminação de uma lanchonete em comparação com um restaurante pequeno e caro.

 

Uma abordagem bastante útil é a técnica de camadas, em que o projeto de iluminação geral é elaborado considerando os diferentes usos da iluminação. Por exemplo:

– Camada de luz de segurança em áreas de circulação e mudanças de nível;

– Camada de destaque de produtos à venda;

– Camada para áreas de importância funcional, como balcões de pagamento e seções de troca de mercadorias.

Os exemplos abaixo demonstram uma versão simplificada desta técnica.

Exemplo 1 – Iluminação geral

  

A utilização de iluminação uniforme e geral é uma maneira muito popular de fornecer boa iluminação em um espaço de varejo. Neste exemplo, a temperatura de cor é a mesma em todos os lugares, por isso não há necessidade de verificar como é a mercadoria. Se a intenção é uma iluminação funcional, uniforme e com eficiência energética, esta é a melhor opção, bastando decidir a quantidade de luz que deseja no ambiente. Contudo,  apesar de fácil e eficiente, por ser uma iluminação geral não há estímulo visual suficiente para excitar o comprador a permanecer longos períodos no ambiente. Este esquema pode ser uma boa opção para perfis de varejo e produtos mais populares, onde o objetivo é maior rotatividade de clientes na loja.

Exemplo 2 – Iluminação de destaque, dramática

  

Ao contrário do exemplo anterior, este esquema faz uso da iluminação de destaque através de luminárias facho concentrado direcionados aos produtos em exibição, e da iluminação de fundo através de luminárias de facho médio, criando-se zonas de contrastes de claros e escuros para dar maior destaque aos produtos exibidos.

É produzida uma iluminação horizontal média um pouco menor e uma iluminação maior nas superfícies verticais, suprimindo a uniformidade da luz geral. O resultado é um efeito mais dramático e instigante e um sistema mais flexível (quando utiliza-se luminárias em trilhos ou orientáveis), que pode ser adaptado conforme o layout da loja. Porém, o consumo de energia geralmente é maior e há risco de causar ofuscamento aos clientes (incômodo visual e dificuldade de visibilidade dos produtos). O ideal é utilizar trilhos e spots orientáveis com mecanismo de travamento, para que ao longo do tempo as luminárias não saiam da orientação desejada.

Exemplo 3 – Iluminação equilibrada

 

A combinação dos recursos das duas opções acima cria um sistema flexível e uniforme. A flexibilidade é dada pelas luminárias de destaque do segundo exemplo e a uniformidade da iluminação geral por meio de painéis de luz difusa, porém em menor quantidade que no primeiro exemplo. Este esquema garante a vantagem de uma iluminação mais equilibrada, sem deixar de atribuir destaque às mercadorias e permitir o ajuste adaptável às mudanças de layout.

É obtido menor contraste e dramaticidade que no segundo exemplo, pois a iluminação média é maior. Por isso, o ideal é eleger pontos estratégicos de destaque, seja uma prateleira ou um determinado setor.

                Bons projetos são capazes de criar ambientes iluminados que transmitem sensação de limpeza visual e bem-estar e garantem experiências mais atrativas e agradáveis.

 

Notas:
  1. Fonte: www.g1.globo.com e sebrae.com.br
  2. http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/visual-merchandising,b9d3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD
  3. http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/fc339db5afecdb491c48e0f7dd7ba25a/$File/SP_visualmerchandising_17.pdf
  4. http://inovaloja.sebraesp.com.br/

Imagens:

  1. Fonte: https://pixabay.com/photos/restaurant-cafe-einstein-restaurant-563127/;
  2. Fonte: https://pixabay.com/photos/cafe-empty-quiet-interior-space-2256058/;
  3. Fonte: Natália Morassi – Zenit Design
  4. Fonte: https://pixabay.com/photos/store-clothes-store-clothing-4027251/;
  5. Fonte: Natália Morassi – Zenit Design
  6. Fonte: https://pixabay.com/photos/grocery-store-supermarket-market-405522/
  7. Fonte: Natália Morassi – Zenit Design
  8. Fonte: https://pixabay.com/photos/business-shoes-bags-leather-goods-888146/
  9. Fonte: https://pixabay.com/photos/hanger-clothing-department-store-2566555/